RICARDO, Vasco, “Design Gráfico: Casos”, in: Publish, Vol. 2, nº 7, Julho de 1998, Edições Expansão Económica, Lda., Lisboa, 1998, pp. 30-31

A cidade do Porto é conhecida por vários motivos: o rio Douro, as várias pontes, a torre dos Clérigos, o Vinho do Porto e, claro, o FCP!

Mas o design de elevada qualidade é também uma das razões pelas quais o Porto é (bem!) conhecido. Um dos mais recentes exemplos dessa qualidade é a Vestígio, ou mais correctamente a "Vestígio, Consultores de Design, Lda". Embora como empresa seja ainda muito recente, o facto é que o seu núcleo de trabalho tinha já, ao longo de seis anos, adquirido uma grande experiência no desenvolvimento de projectos gráficos para os mais variados fins: Identidade Corporativa, Cartazes, Catálogos ou Livros. Alguns desses trabalhos podem ser encontrados em edições de revistas e anuários de design internacionais, como a Print (EUA), Design Editions (EUA) ou PIE (Japão). Emanuel Barbosa e Fátima Guimarães são esse núcleo. Com uma bela localização, no Edifício HOECHST do Porto (perto da Rotunda da Boavista e mesmo ao lado do acesso à auto-estrada Porto-Lisboa), A Vestígio tem aquilo que Emanuel Barbosa chama "uma abordagem diferente a todos os trabalhos numa perspectiva de excelência, dando a todo o tipo de clientes um tratamento personalizado, que passa pela análise das necessidades reais do cliente e respectiva adequação do tipo de linguagem ao mercado-alvo dos mesmos."

Ter uma empresa e ser designer coloca alguns desafios éticos e até mesmo "filosóficos" mas quanto a esse assunto Emanuel Barbosa tem ideias bem definidas. Como director artístico e sócio-gerente da Vestígio vê "arte" e "negócio" com objectivos opostos: "o nosso trabalho tem não só de ser extremamente apelativo como também comercialmente viável. Isso só é possível de atingir com a adição do mais valioso componente de todo o processo de design: o objectivo. Quando combinado com a criatividade, é o elemento que assegura a integração total do nosso trabalho na filosofia da empresa, do produto ou do serviço, criando a ponte entre a estética da Arte e as necessidades do negócio. Alcançar o objectivo de qualquer projecto de design requer uma elevada concentração da parte do designer na formulação do conceito do projecto, nunca na sua ilustração. A criação do visual correcto é o resultado de um duro processo que vai muito além de uma solução fácil - uma imagem bonita - e responde a uma preocupação real: aumento de vendas, reposicionamento no mercado ou a introdução de uma nova empresa no mercado". A sua conclusão é afinal muito simples: "temos de alcançar resultados finais que não só sejam atraentes, mas que atraiam, convençam, eduquem, excitem e encoragem o receptor - o potencial cliente".

Para além de Emanuel Barbosa e Fátima Guimarães, os coordenadores de todo o trabalho, a Vestígio conta ainda com 8 colaboradores externos para as diversas áreas que ocupa: O Design Gráfico e de Comunicação, o Design Industrial e o Design de Espaços. Segundo a empresa, esta forma de trabalhar possibilita "uma maior eficácia em termos de gestão de tempo e equipamento - indispensável numa empresa em fase de crescimento". Para isso contribuiu a possibilidade de rápidamente trocar informação com clientes e colaboradores: "a internet está completamente entranhada no nosso funcionamento...".

Com uma larga área de actividades - Packaging, Design Editorial, Multimedia, Design Gráfico, de Equipamentos e de Interiores, a Vestígio conta já com um vasto leque de clientes: Universidade do Minho, DREN, Porto Editora, C.M. do Porto, IDITE Minho, Goethe Institut, C.M. de Paços de Ferreira, IPAM, Centro de Computação Gráfica da Universidade de Coimbra, Empresa Literária Fluminense, Vector XXI, ActiveNet, Greca - Artes Gráficas, Nove de Julho, Portagem Bar, Ordem Visual - Associação de Designers Gráficos, Sastre, Turbo-Nor, Intervector, Dynamic Management Associates, AAEUM.

Como referências para a sua actividade como designer, Emanuel Barbosa aponta Max Huber, Saul Bass, Vaughan Oliver (V23), Bruce Mau, Fuel, Designers Republic ou Peter Saville, ressalvando que "não como referências a fotocopiar mas como profissionais/equipas que admiramos profundamente pela extrema qualidade e inovação que trazem e pelo domínio absoluto das linguagens que abordam". Em Portugal a referência incontornável é Sebastião Rodrigues.

O equipamento informático da Vestígio não é propriamente state-of-the-art: "Para nós, o computador é apenas uma ferramenta - extraordináriamente útil e versátil, é certo - que tem como função acelerar o processo de criação - não é o meio criativo. Quando partimos para a execução de um projecto, todo o conceito já foi desenvolvido pela equipa criativa. Nunca recorremos à técnica dos filtros e efeitos só por sí. De resto, consideramos esse um dos principais problemas do Design no tecido empresarial português, ou seja, qualquer pessoa que tenha acesso a software de desenho vectorial e bitmap acha que é capaz de fazer Design - e realmente consegue arranjar clientes que, por falta de referências comparativas ou culturais lhes compram os serviços. É realmente um problema de falta de informação. Temos clientes que só se apercebem dessa realidade quando, após recorrerem aos nossos serviços para remediar o mal feito por outros, vêm o seu logotipo transformado em referência de design por publicações especializadas, ao lado de logos de multinacionais.

Falando ainda de referências, Emanuel Barbosa conclui: "Um simples letreiro pintado de forma inocente por um voluntarioso vendedor em Cuba pode por vezes ser uma referência mais importante que todas as outras... É tudo uma questão de poética da imagem".






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